35 novos trabalhos em técnicas e suportes diversos antecipam a comemoração do Dia Mundial do Meio-Ambiente na galeria de arte da Avenida Paulista. A partir de 25 de maio.
“Desenhista dos mais finos e senhor da mão que revela os mistérios das coisas e seres. Conhecedor de peixes, pássaros, animais e pessoas.”, assim Aldemir Martins apresentou Rubens Matuck no catálogo de uma exposição em 1993. O crítico e curador Jacob Klintowitz afirma “é um artista com relação profunda e respeitosa com a natureza”. A exposição de novos trabalhos de Rubens Matuck além de bela e generosa – 35 trabalhos entre pinturas, esculturas, cadernos e vitrines – é uma louvação à natureza e ao modo de ser conforme a natureza. E isso em plena Avenida Paulista, no Espaço Cultural Citi, onde a mostra O Artista e a Natureza abre em 25 de maio, antecipando a comemoração do Dia Mundial do Meio-Ambiente, em 5 de junho.
O Espaço Cultural Citi é uma galeria pública visitada mensalmente por cerca de 50 mil pessoas que trafegam entre a Avenida Paulista e a Alameda Santos. O espaço mantém a sua vocação de mostrar obras de arte no centro vital de São Paulo. Desde 2005, passaram por ali as obras de nomes consagrados, como Rubens Gerchman, Luiz Paulo Baravelli, Cláudio Tozzi, Gregório Gruber, Romero Britto, Newton Mesquita, Odetto Guersoni, Ivald Granato, Takashi Fukushima, Caciporé Torres e a ceramista Shoko Suzuki, além de jovens que se firmam como Luciana Maas e Manu Maltez, entre outros.
A exposição O Artista e a Natureza permanecerá até 10 de julho. O Espaço Cultural Citi (Av. Paulista, 1111, térreo, fone 11.4009.3000) fica aberto para visitação de segunda a sexta-feira, das 9 às 19 horas; aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 17 horas. Acesso a portadores de deficiência física pela Alameda Santos, 1146. A entrada é gratuita. A exposição vai até 10 de julho.
Curador da mostra, Klintowitz observa: “O uso de tantos suportes e técnicas diferentes entre si – papel, madeira, tela, desenho, gravura, pintura, escultura, ilustração – o torna contemporâneo. E, no entanto, amparado na tradição, na história universal da arte. E na contemplação da vida. O seu método é simples, pois é feito de observação, pesquisa e estudo. E o seu movimento é de igual simplicidade, pois Rubens Matuck espera que cada assunto amadureça, da mesma maneira que as madeiras de sua escultura, anos e anos à espera que sequem e estejam prontas para a intervenção da mão humana.”
O grande Aldemir Martins, no texto já citado, ressaltava ainda a universalidade do trabalho do amigo: “De corpo inteiro aí está Rubens Matuck que conhece e capta a leveza dos traços e a crueza dos sonhos, o mapa da amizade e leva para o papel as dúvidas e certezas das artes. Eis meu amigo que conhece e trilha os caminhos do Nordeste e calca em seda os caminhos de Marco Polo, na poesia dos tempos, como caravaneiro e artista. Da poeira dos tempos sugere retratos, pesquisa de almas, senhor do preto e branco, dono das riquezas das cores, senhor do carinho árabe, misturados nestes sonhos o cadinho da amizade. Meu amigo”.
Rubens Matuck, por ele mesmo
Nasci em 17 de janeiro de 1952. Estudei arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo e me formei em 1977. Já havia me iniciado em artes plásticas estudando com Aldemir Martins e Samson Flexor no fim dos anos sessenta. Nesta época comecei a trabalhar com ilustração no Jornal da Tarde ate 1977, quando me dediquei inteiramente as artes plásticas porem continuando a carreira de ilustrador exclusivamente para livros infantis.
Na Faculdade de Arquitetura me aprofundei no estudo de aquarela com Renina Katz, e em artes gráficas, fundando com a Rosely Nakagawa, Luise Weiss e Feres Khouri as Edições João Pereira, álbuns de gravura com texto em tipografia manual e com tiragem limitada. Com Evandro Carlos Jardim estudei gravura em metal e com José Antonio Van Acker fiz escultura em madeira.
Dentro de uma perspectiva de artista itinerante empreendi viagens para o interior do Brasil e para o exterior indo para os Estados Unidos, China, Japão, Itália, Franca, Portugal, Argentina, Paraguai, Dinamarca. Apartir desta experiência consolidei um trabalho de arte que usa como suporte cadernos de viagem que tem uma longa tradição no ocidente ligada a historia do livro.
Dou aulas no meu atelier desde 1977, sobre as diversas técnicas de arte, e recentemente venho direcionando este trabalho exclusivamente aos alunos especiais. Conto com o auxilio de dois professores neste trabalho Paulo Pitombo e Lela Severino.
Realizei diversas esculturas em madeira que hoje estão em coleções particulares e prédios no Brasil. Entre as muitas exposições no Brasil e no exterior, cito entra as individuais: Galeria São Paulo (1987), Bienal de São Paulo (1987), Desenhos (Washington, DC, 2001), Maria e Miguel, pintura a óleo (Galeria 8 Rosas), Cadernos de Viagem (Galeria Maki, Tóquio, 2009). Das coletivas: Galeria Sesc Paulista (1981), Gravura Brasileira (Itaú Cultural, 2000), Aquarelas (México, 2000), Pliages (Galeria Quadra, Paris, 2001), Amazônia (Bienal de São Paulo, 2007).
Foram publicados livros sobre meu trabalho artístico: Brasil que resiste (Editora Terceiro Nome, 1997), Cadernos de viagem (Editora Terceiro Nome, 2000), Maria e Miguel (Edições da Pulga, 2008), Uma escultura (Edições da Pulga, 2008).
Na verdade, não há pressa, por Jacob Klintowitz
Contemplei os “cadernos de viagem” de Rubens Matuck, os esboços e as anotações visuais, os lugares, as pessoas, e neles, nestes diários singulares, tudo parece para sempre. Os bichos, o mar, as sementes e as árvores, os barcos e as redes, o silêncio que habita nas pessoas, a quietude do artista e de seu olhar, me devolveu a intuição de que o mundo é inteiro e único.
Há muito eu penso em Matuck como um viajante dos ventos. No meu sentimento lá está ele e o seu olhar sabedor, numa superfície tecida em folhas, entregue às correntes, ascendente e descendente, num percurso sem fim. Para fora e para dentro, por onde anda o nosso nauta? No leito dos ventos, é certo, mas também num permanente tornado interior, apaziguado ao descortinar o momento, esta trilha revelada aqui e ali, ora ao luar, ora ao poente.
Não me lembro de ter conhecido um artista mais envolto no tempo. Como uma semente. Às vezes, dobrado sobre si mesmo, outras tantas, em gloriosa expansão, ele é seminal de si mesmo. Entre tantos, nos lembra Leonardo da Vinci (1452-1519), um artista que também anotava e cujos cadernos nos deslumbram. A arte não se passa por décadas, mas por famílias artísticas que se reconhecem por sensibilidade e afinidade.
Sobre o Citi
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fonte: Quatro Elementos Comunicação & Mkt Cultural