Na manhã da última quarta-feira, 13 de Julho, o auditório da Editora Abril foi palco do debate sobre os novos caminhos para o design, arquitetura e decoração sustentáveis, organizado pelo Prêmio Planeta Casa.
A mesa, composta pelos arquitetos Marcelo Aflalo, Ana Lucia Siciliano e Adriana Yazbek, teve mediação do diretor de redação da CASA CLAUDIA, Pedro Ariel, que abriu o bate-papo falando da importância de dar visibilidade e levantar discussões sobre a sustentabilidade. “O Prêmio Planeta Casa tem como função mostrar que há opções e possibilidades na área. É necessário ampliar a ideia de sustentabilidade”, reforçou.
Marcelo Aflalo destacou que o Brasil está caminhando para a “colheita dos frutos”. “Estamos vivendo a fase das janelas de oportunidade em nosso país. Coisas plantadas há 15 anos estão dando fruto agora”, explicou ele, que estuda os sistemas construtivos.
Aflalo também alertou para o grande problema do desperdício. “Cerca de 30 a 35% de materiais são desperdiçados na construção civil”, disse ele, cuja casa foi construída em 1996 com madeira de Eucalipto Grandis, em São Paulo, exatamente para evitar o desperdício e aproveitar um material abundante na região. Para ele, seria pouco sustentável utilizar qualquer madeira de reflorestamento.
A madeira da região amazônica por exemplo, devido à distância e à poluição gerada pelo transporte, tornaria sua utilização pouco sustentável em obras do Sudeste do país. “O melhor é fazer uso de material que seja abundante no local da construção, sem preconceitos.”
A arquiteta Ana Lucia Siciliano também levantou a questão da escolha consciente. “Temos a obrigação de mostrarmos para o cliente que existem outras possibilidades. Não existe material bom ou ruim, e sim o melhor para aquele uso e situação. Você pode ter uma coisa sofisticada tendo o critério na escolha dos acabamentos.
”Para Adriana Yazbek, é necessário reciclarmos materiais – e também as ideias. “Devemos aproveitar ao máximo os recursos já existentes. O lixo pode ser lixo apenas em um determinado momento. Precisamos sensibilizar o olhar para reaproveitamento de material.”
Outro assunto que também acalorou a discussão sobre os custos de uma obra sustentável. Os três arquitetos concordaram que a o incentivo à pesquisa é a forma mais viável de tornar o investimento mais acessível. “O que acontece é que às vezes a tecnologia não é tão conhecida e isso acaba encarecendo o processo. A partir do momento que for disseminada, o preço será reduzido”, explicou Adriana.
Ana Lucia encerrou o bate-papo dizendo que sustentabilidade começa com uma ação individual. “Cada um vai fazendo a sua parte, não podemos deixar por conta dos governos, que inclusive não conseguirão fazer tudo sozinhos. O importante é que se participe e tome uma atitude.”
O bate-papo do Prêmio Planeta Casa é uma das ações que antecedem o prêmio que acontecerá em setembro. Até dia 15 de julho, empresas, ONGs e profissionais das áreas de arquitetura, construção e decoração podem se inscrever, encaminhando o material pelo correio para a Editora Abril.
Os interessados poderão participar do concurso em mais de uma categoria e até mesmo inscrever mais de um projeto por categoria. Mais informações.