Com essas chuvas muito se discute sobre medidas que possam prevenir catástrofes como as que têm ocorrido em todo o Brasil desde o começo do verão.
Sabe-se que na área rural o prejuízo não é tãogrande, pois o solo e a vegetação fazem a evacuação da água por sucção. Já nos centros urbanos, a situação é bem diferente. Os estragos deixam de ser causados por uma catástrofe natural, e passam a ser responsabilidade do homem. A interferência humana se dá pelo desenvolvimento acelerado das cidades, cujo excesso populacional começa a habitar áreas nos limites dos rios, ou seja, ficam ao alcance da região de transbordamento.
A pavimentação dessas regiões também é um dos problemas, pois isso impede que o solo absorva a água. De acordo com o site Educação em Foco, cada metro quadrado de solo permeável devolve 1,6 mil litros por ano ao subsolo.
Por isso, há meios de se controlar e, até mesmo, evitar essas situações tão caóticas. A aplicação de paralelepípedos, por exemplo, pode ser uma solução prática e sustentável. De acordo com o engenheiro Cláudio Roberto de Castro, da Tecpar Pavimentação Ecológica, “entre os paralelepípedos há um espaço de mais ou menos dois centímetros. Através dele, a água penetra e é absorvida para o subsolo. Outro fator que ajuda também é que o rejunte desse material é todo feito com pedrisco, o que facilita o escoamento da água”, esclarece.
O engenheiro ainda adverte para a falta de uma lei que contenha o uso da pavimentação com asfalto nas cidades e diz que o caminho correto é o da conscientização. “O asfalto, feito à base de petróleo, é muito químico e impermeável. A água que cai sobre ele, não tendo como ser filtrada, corre em direção às guias, cai nos bueiros e vai direto para os rios, que acabam transbordando e prejudicando a população ribeira. No caso do paralelepípedo, ele tem um poder de absorção de 50%. Por isso é tão aconselhável, principalmente, nos lugares com risco de inundações, já que não contamos com uma lei que limite o uso do asfalto”, salienta.
Outro problema decorrente da interferência humana é o acúmulo de lixo, que entope as estruturas de escoamento de água. Para a bióloga Silvana Cortez, “essas tragédias tomam proporções tão grandes, justamente, pela falta de cidadania e bom senso dos homens. É fácil se comover com a situação quando estamos sentados na frente da televisão no conforto do nosso lar”. Mas ela ressalta como algo que pode acontecer com qualquer um. “Portanto, temos que ter a consciência de que um simples papel jogado no chão, ao invés de ir para a lixeira, faz toda a diferença, sim”, lamenta.