A profissional Marina Carvalho detalha as características que acompanham a personalidade do futuro morador e dá dicas sobre como adotá-los no lar
Entre tantas escolhas que devem ser feitas pelo morador para a execução do projeto residencial, existe uma que é essencial e que se configura como o ponto de partida para a reforma ou construção do lar: a definição do estilo arquitetônico e decorativo do imóvel. É a partir dessa referência que o profissional responsável pode trabalhar na definição das cores, materiais, revestimentos, móveis e objetos que farão parte da composição de cada cômodo, sempre pensando na unidade da proposta do décor.
Porém, com tantas facetas e olhares que a arquitetura de interiores pode oferecer, como acontece essa identificação do estilo? Em linhas gerais, tudo vai de encontro com o estilo de vida, personalidade, referências e os sonhos que os futuros moradores carregam dentro de si, bem como as necessidades que precisam ser atendidas para que, em plenitude, depois de pronto haja um senso bem-estar e pertencimento com a morada.
Neste quesito, o arquiteto é peça fundamental para compreender os anseios e as ideias do proprietário, bem como orientá-los. Segundo a arquiteta Marina Carvalho, à frente do escritório que leva seu nome, uma boa conversa ajuda na compreensão dos pontos daquilo que incomoda os moradores e os resultados que buscam. “A interação que realizo com eles é bem mais profunda do que, em um primeiro momento, possa se imaginar. Gosto de mergulhar na dinâmica do cotidiano, saber que horas vão para cama e acordam, a atividade profissional que realizam e seus hobbies, por exemplo”, revela. Para ela, essa imersão possibilita que seu trabalho desenvolva soluções que respondam ao modo de vida e que nem sempre é lembrada pelos clientes nas conversas iniciais. “Quanto mais nos aprofundamos nas entrelinhas da história de cada pessoa, vamos chegar numa resolução sine qua non o projeto. E esse é um grande prazer!”, acrescenta.
Entendendo os conceitos de cada perfil decorativo
Com o intuito de ajudar quem pretende definir um o décor para chamar de seu, a arquiteta Marina Carvalho listou os estilos mais adotados na arquitetura atual, mencionando cores, materiais e elementos relacionados a cada um. Confira:
Estilo contemporâneo
No estilo contemporâneo, este apartamento oferece praticidade e conforto. Na sala de jantar integrada com o estar, o ‘L’ com o canto alemão em volta da mesa propiciou aproveitamento do espaço e mais assentos. No tocante às cores, o imóvel recebeu uma base neutra e tons mais fortes – de maneira pontual –, como pede a essência desse décor |Fotos: Evelyn Müller
Para quem procura uma decoração funcional, a linha contemporânea é a mais indicada. Sua composição permite a aplicação de tendências do momento, deixando a casa com ar mais atual, assim como escolhas pautadas no conforto, visando o aconchego e o bem-estar da família. Para Marina, a estética desse estilo reserva uma forte ligação com a tecnologia. Assim, a automação pode fazer parte para complementar o uso das luminárias nos espaços, tanto como a aberturas de persianas, por exemplo. “Como são itens que se adaptam bem ao modo de vida atual, são opções que vão bem para todos os espaços conforme as proporções e usos específicos”, completa.
No décor contemporâneo, as cores neutras como preto, branco, cinza e tons pastel são muito presentes com o objetivo de dar visibilidade aos ambientes e deixá-los ainda mais sofisticados. Para quem gosta de cores vivas, amarelo e verde são perfeitos para inserir efeito de contraste nos locais aplicados.
Minimalismo
Com característica do perfil minimalista, neste projeto a arquiteta Marina Carvalho empregou poucos elementos para compor a sala de estar. A marcenaria funcional e bem planejada, conciliada com as demais peças do ambiente, transmitem acolhimento e tranquilidade | Fotos: Evelyn Müller
Ganhando cada vez mais espaço nas residências brasileiras, o estilo minimalista prioriza o mix entre poucos elementos, deixando os cômodos visualmente mais limpos. Com isso, o décor é composto apenas por itens essenciais eleitos pela funcionalidade e a estética que realizará no contexto do projeto. Posto isso, o estilo minimalista é fundamentado na sobriedade, onde tudo é muito simples e cada móvel ou objeto declara uma verdadeira razão para estar naquele ambiente. Para os moradores que adotam o minimalismo, a casa deve ser um refúgio de paz e tranquilidade. “Sem dúvidas, no modus operandi do minimalismo, ‘o menos é mais’. O segredo é apostar em formas descomplicadas e em peças que, ao mesmo tempo, unam decoração e utilidade. A iluminação clara também é uma boa dica para quem se identifica com o gênero”, ressalta a arquiteta.
Estilo moderno
Neste apartamento moderno, as cores neutras e terrosas se fazem presentes para deixar o local ainda agradável. Materiais naturais, como a marcenaria, além de trazer conforto deixa o ambiente mais leve. Com isso, os moradores vivenciam um clima de frugal, porém atual e autêntico | Fotos: Evelyn Müller
A decoração moderna combina um pouco do minimalismo e do contemporâneo através das linhas limpas e formas retas. Junto com isso, a aplicabilidade das decisões, os materiais naturais e as cores neutras ou terrosas são essenciais, assim como nos outros dois estilos. Geralmente, os adeptos desse estilo declaram sua preferência por cômodos descomplicados e bem-organizados, dispensando o excesso de móveis e objetos decorativos.
De acordo com Marina, para deixar a casa ainda mais moderna é interessante investir em um bom projeto de iluminação nos cômodos. “Além de luz natural, que deve se fazer bastante presente, adotamos lâmpadas de LED na marcenaria ou em espelhos – um componente muito usado para ampliar os ambientes e que torna tudo ainda mais elegante”, diz. Ela ainda acrescenta que essa proposta favorece a tecnologia por meio da inserção de metalizados e outros recursos que facilitam o dia a dia, como a automação.
Estilo clássico
Por ser atemporal, o clássico está sempre em alta nos projetos, oferecendo requinte e elegância para as residências. Na contramão do moderno, é caracterizado pela imponência dos móveis, materiais e tecidos. Sendo assim, madeira e mármore com desenhos detalhados são bastante explorados no projeto e o mobiliário acompanha o conceito de peças robustas, porém com design delicado, lembrando os móveis antigos.
No tocante à paleta de cores, um mix de tons escuros e médios recebem pinceladas de bronze, dourado e prata, com o intuito de acrescer refinamento aos ambientes. Essa fusão favorece a iluminação amarelada com artigos que remetem a um tempo de outrora, lustres mais robustos, candelabros, candeeiros e abajures de seda. Para a profissional, o segredo é não caminhar para o exagero, uma vez que o luxo não combina com o excesso de detalhes e o resultado por ser um projeto cansativo. “A mescla do clássico com outros estilos pode propiciar um resultado bem interessante”, afirma.
Rústico
Os atributos rústicos podem se misturar com outras designações para conferir um ar up to date ao lar. Neste apartamento, a parede de tijolinhos efetivou um belo contraponto com a marcenaria delicada dos móveis e prateleiras | Fotos: Evelyn Müller
Por fim, o conceito rústico é marcado pelo aconchego, sobretudo pela inserção do natural como a pedra, madeira, palha e cobre, entre outros materiais que emprestam sua simplicidade e leveza ao décor. Sem contar a conexão com a memória afetiva, transmitindo sensações nostálgicas e afetivas aos moradores, como de fosse uma casa de campo.
Mas o rústico não está preso à essência campesina: ele pode muito bem se fundir com o moderno e o contemporâneo. “Nessa junção, podemos apostar também no cimento queimado, tijolo e cores quentes puxando para os tons terrosos. Outra dica é a presença das plantas dispostas pelos ambientes”, finaliza.
Sobre a arquiteta Marina Carvalho
Graduada pela faculdade de Arquitetura e Urbanismo, com MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Projetos na Fundação Getúlio Vargas, no início de sua carreira, Marina de trabalhou no Estúdio Penha, e, posteriormente, com Arthur Casas, onde ocupou por muitos anos um cargo de coordenadora em uma das maiores incorporadoras da América Latina. Esta etapa foi importante em sua carreira pois lhe deu a percepção de que sua verdadeira realização só viria quando pudesse levar às pessoas tudo em que eu acreditava.
A decisão de montar seu próprio escritório aconteceu após passar uma temporada morando em Londres, o que aumentou sua inquietude. Marina, que cumula cursos em seu currículo, entre eles, o técnico de Design de Interiores do Senac, entre outros (iluminação, fotografia, paisagismo, cenografia), optou pela liberdade de fazer aquilo em que acreditava por meio de um projeto autoral.
Atualmente a arquiteta trabalha no escritório que leva o seu nome, Marina Carvalho Arquitetura. Para ela, perceber nos olhos do cliente o sentimento de alegria e satisfação no dia da entrega é o que a faz acordar feliz todos os dias.
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