Segundo o Sistema de Alerta do Desmatamento, essas áreas desmatadas equivalem a 55,8 km²
Thais Iervolino
Dos 294 quilômetros quadrados de área desmatada, detectada no mês de maio em comparação ao mesmo período no ano anterior, 55,8 deles se encontram em áreas protegidas. É o que constatou o Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), desenvolvido pelo Instituto Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Os dados foram publicados no Boletim Transparência Florestal da Amazônia Legal nº02. Segundo um dos responsáveis pelo estudo, o pesquisador Adalberto Veríssimo, esse número é gravíssimo. “Desmatar áreas de conservação é como assaltar delegacia. Essas áreas foram criadas justamente para não haver desmatamento e, desde 2006, o que vemos é o contrário disso”, diz
Para ele, o governo é o principal responsável. “São regiões de muitos conflitos e não houve uma elaboração de um plano de trabalho, de manejo. O governo fez vista grossa”. Veríssimo explica que há uma clara tendência na devastação dessas áreas. “Os índices aumentam a cada mês. Das 609 áreas protegidas na Amazônia, 30 estão tendo problemas. O número é relativamente pequeno, mas pode servir de inspiração para outras regiões”, conta.
Segundo o estudo, a situação foi mais grave na Flona do Jamanxim (oeste do Pará) que perdeu 35 quilômetros quadrados de floresta nesse mês. Nos últimos dois anos, a floresta, localizada no Distrito Florestal da BR-163, já acumulou um desmatamento superior a 92 quilômetros quadrados. Essa é a segunda Unidade de Conservação mais desmatada da Amazônia, perdendo para a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu situada no município de São Felix do Xingu (Pará).
Queda do desmatamento
Além das áreas de conservação, o estudo analisou o desmatamento em toda Amazônia Legal. Mesmo sem poder analisar 36% da área por causa do excesso de nuvens, o SAD detectou uma queda de 26% de área devastada em relação a maio do ano passado, quando a área desmatada chegou a 397 quilômetros quadrados.
De acordo com o estudo, 70% do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. “Foi relativamente expressivo o desmatamento nas Unidades de Conservação alcançando 19%, enquanto os 10% restantes ocorreram nos assentamento de Reforma Agrária. O desmatamento nas Terras Indígenas foi menor 1%”, revela.
Apesar dessa diminuição, Veríssimo adverte que ainda é muito cedo para se afirmar que o desmatamento está em queda. “Isso aconteceu apenas em maio, não sabemos se essa constatação continuará assim. Se o desmatamento continuar caindo nos próximos dois meses, poderemos dizer que há outra tendência”, argumenta.
Campeões
Em maio, o Pará foi o estado que mais desmatou (60%), seguido por Mato Grosso (17%), Rondônia (13%) e Amazonas (9%). Os demais estados contribuíram com cerca de 1% do desmatamento. As áreas do Amapá, parte de Roraima, norte e noroeste do Amazonas, centro-norte e norte do Pará não puderam ser mapeadas por causa das nuvens. Além disso, como o SAD só detecta desmatamentos acima de 12,5 hectares, a estimativa de desmatamento para maio de 2008 é conservadora.
O SAD afirma ainda que, no período, o desmatamento foi mais crítico nos municípios paraenses de Altamira (76 quilômetros quadrados), seguido do Novo Progresso (63 quilômetros quadrados) e Itaituba (15 quilômetros quadrados). Esses três municípios estão localizados no sudoeste do Estado do Pará.
7% de devastação a mais
Para o período de agosto de 2007 a maio de 2008, a área desmatada alcançou 4. 142 quilômetros quadrados, registrando um aumento de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior (agosto de 2006 a abril de 2007) quanto foram desmatados 3. 870 quilômetros quadrados.
O desmatamento no primeiro quadrimestre deste ano também cresceu, se comparado ao mesmo período de 2007. De 292 quilômetros quadrados de janeiro a abril de 2007, a área devastada contabiliza 415 quilômetros quadrados de janeiro a abril de 2008.
Nestes meses, o desmatamento cresceu de maneira expressiva no Pará (62%) seguido do Acre (34%) e Rondônia (13%). Houve queda de 16% em Mato Grosso e de 11% no Amazonas.
Arco do fogo
O estudo revela ainda que Mato Grosso, Pará e Rondônia são responsáveis por 94% do total desmatado entre agosto de 2007 e maio de 2008. “Em termos absolutos, o Mato Grosso continua liderando o desmatamento na Amazônia com 48% do total registrado no período. Em seguida, aparecem Pará com 37% e Rondônia com 9%”, diz o boletim. Segundo ele, o desmatamento foi mais concentrado no Oeste do Pará e mais pulverizado em Rondônia e Mato Grosso.
Veja a íntegra do boletim
Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br