“Nós envelhecemos, as coisas mudam, mas a casa fica igual. Simples mudanças podem garantir mais segurança para a terceira idade”.
O brasileiro está vivendo mais. Em 1940, a expectativa de vida da população era de 45 anos, hoje este número aumentou para 71 e a previsão é que até 2050 a expectativa de vida seja de 85 anos.
Com 13 milhões de pessoas com idade superior a 65 anos e projeções apontando um aumento para 25 milhões, em duas décadas o Brasil alcançará a sexta posição entre os países com maior população idosa no mundo.
Mas, longe do esteriótipo de “vovozinhos frágeis e doentes”, esta fatia da população brasileira chamada de Terceira Idade (ou Melhor Idade) quer, além de uma vida saudável, manter sua independência.
Para isso, a preocupação não se restringe a estar livre de doenças. Manter o espaço habitado seguro para que as atividades dentro e fora de casa continuem a serem feitas com liberdade, também é de extrema importância.
Quem nunca pensou em modificar o tamanho da porta da residência, altura das tomadas, escolher pisos que não escorregam, é chegada a hora de analisar como estas pequenas mudanças contribuem para melhorar a qualidade de vida de quem já está ou entrará na “casa dos 60”.
Arquitetura e envelhecimento
Uma casa projetada para alguém de 20 anos não será a mesma se projetada para outra de 80 anos. Aliás, não deveria ser. Os anos passam, as necessidades e capacidades dos indivíduos mudam, mas a casa não. Conseqüência: falta segurança para desenvolver atividades cotidianas e a independência diminui.
De acordo com o Sistema Único de Saúde – SUS, um terço dos atendimentos de lesões traumáticas nos hospitais da rede vem de pacientes com idade superior a 65 anos. Destas lesões, 75% acontecem dentro de casa, principalmente no trajeto quarto-banheiro, durante a noite (46%), a partir de situações que poderiam ser evitadas. A queda é a sexta causa de óbitos em pacientes idosos, sendo o quadril e o punho as áreas mais comprometidas.
Convidada pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e pensando nesses dados, a arquiteta Cybele Barros lançou em 1999, o conceito Casa Segura. “Quando minha avó adoeceu, comecei a analisar as situações decorrentes de um projeto onde não se pensou seriamente nas modificações que a vida impõe. O conceito Casa Segura veio em 1999, Ano Internacional do Idoso, através de uma parceria com a Sociedade Brasileira de Ortopedia que me convidou a pensar em um tema que pudesse prevenir a queda de idosos dentro de casa”, conta Cybele.
Com medidas simples, o conceito Casa Segura mostra como é possível adaptar a residência (desde a disposição de móveis até o sistema de iluminação) para facilitar as atividades e garantir a segurança do morador.
Confira as dicas e tente identificar nas fotos quais são as mudanças imediatas que podem ser feitas em nossa casa-modelo.
Quarto
• Instale um interruptor ao lado da cama em um local de fácil acesso. Para encontrá-los com facilidade, dê preferência aos que brilham no escuro;
• Para prevenção, tenha uma lanterna ao lado da cama;
• Procure fechaduras com design simples (reto) para facilitar a abertura das portas. Maçanetas redondas podem prejudicar as articulações devido a força aplicada para a abertura;
• Poltronas ou cadeiras são bem-vindas, no momento de calçar os sapatos. Não utilize poltronas baixas e escolha uma densidade mais firme para a almofada.
Sala
• Paredes claras e lâmpadas fortes contribuem para melhorar a visibilidade.
• O ideal é que sofás e poltronas tenham uma altura de 50 cm, profundidade de 70cm a 80cm e almofadas com densidade moderada;
• Evite fios elétricos e de telefone soltos ou mesmo cruzando o caminho.
• Deixe a área de maior circulação livre de móveis ou objetos.
• As tomadas da casa devem estar sempre na altura próxima aos cotovelos (1,10m a 1,30m)
• Não deixa tapetes soltos, principalmente em áreas de maior movimento. Prenda-os com fita antiderrapante ou troque-os por outros que já possuam esta segurança;
Cozinhas
• Prefira mesas com cantos arredondados para evitar batidas.
• Utensílios bastante utilizados devem ficar em prateleiras que, para alcançá-los, não seja necessário levantar-se ou abaixar-se muito.
• O botijão de gás deve ficar fora da cozinha.
• Muita atenção para o piso. Se ele é escorregadio, procure resinas próprias para aumentar a rugosidade. No mercado, existem muitos tipos que podem, inclusive, ser aplicados pelo próprio morador.
Banheiro
• O vilão da casa merece cuidados especiais, a começar pelo piso. Os antiderrapantes são os mais indicados. Para aumentar a segurança, coloque um tapete com ventosas na área do chuveiro e fitas antiderrapantes em pontos como a saída do box e área do vaso sanitário;
• As barras de apoio são essenciais. Elas devem estar em áreas próximas ao vaso sanitário e chuveiro em uma altura entre 1,10m e 1,30m;
• Uma cadeira de plástico ou banco auxilia o equilíbrio durante o banho;
• Assim como as maçanetas, evite torneiras em forma de esfera. As mais indicadas são as de alavanca ou estilo Belle Époque;
Corredores e escadas
• O ideal é que a casa tenha o mínimo de escadas possível. Se tiver, não deixe tapetes no começo e final dela. Coloque fitas antiderrapante nos degraus e não deixe de instalar um corrimão. Interruptores no começo e fim da escada também são essenciais;
• O corredor, principalmente aquele que liga o banheiro ao quarto, deve estar livre de móveis e objetos que atrapalhem o caminho. O mais importante é a iluminação. Uma alternativa eficaz para a segurança é instalar sensores. Assim, ninguém se arrisca a fazer o percurso no escuro.
Veja mais em http://www.casasegura.arq.br
Por: Cintia Baio
Gostaria do contato de alguém que possa falar sobre a segurança e adaptação da casa do idoso. Uma palestra para o mes de junho. Meu telefone é 18 – 3642 7040
aguardo resposta e muito obrigada